quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Sobre quem manter por perto.

Não há muito tempo, descobri que tipo de presença me faz um bem danado. Não que precisem de classificações ou devam passar por um grande processo seletivo, mas tem gente que é gostoso se deixar envolver pela presença. Uma grande gama de jeitos que são como as cores: ao invés de explosivos, imponentes, violentamente envolventes e gritantes, atingem tons mais suaves; acalmam o peito, oferecem conforto, parecem um bom lugar pra se habitar  nem que seja só por um tempinho. 

Não preciso ter por perto quem faz imposição do próprio humor, das próprias vontades e opiniões, quem canta de galo em terreiro que pede igualdade e diversidade de opiniões. Quem chega gritante como o sol do meio-dia, sem saber que a primeira luz da manhã é muito mais agradável. Quem elogia desnecessariamente pra ganhar pontos e critica apontando dedos de aço a quem pensa diferente. O exagero é inconveniente, incomoda, nos tira visão e audição, impedindo a percepção do que é brando e muitas vezes mais importante. 

A primeira e a última luz do dia, as pequenas luzes no céu quando todas as outras se esvaem. A Lua nos perseguindo em nossas peripécias noturnas, dizendo adeus somente quando vê que o Sol chega para continuar a nos guiar. Pequenos detalhes em fotografias e composições, o efeito do grafite no papel. Grandes e diversas conversas, compartilhamento de experiências e superações, elogios sinceros, merecidos e críticas construtivas. Quero ter por perto quem também sabe apreciar essas pequenas coisas. Quero ter por perto quem me ensine a gostar de muitas mais. Quero e preciso de quem me faça dividir e multiplicar ideias, experiências, sensações e silêncios (daqueles em que a gente se sente bem e sem a obrigação de dizer nada pra quem está do lado). Efusivos, não, obrigada. Esses só querem usar nossas telas e papeis, substituir com as próprias verdades tudo o que levamos grande tempo e esforço pra pintar. 

Quero trabalhar arduamente por quem está comigo e, de vez em quando, deixar gente nova entrar na dança. Números por números, contatos por contatos e palavras vazias só continuarão a deixar espaço em branco. Por enquanto, quero meu tempo dedicado a quem já tenho paisagens com quem construir.

Aprecio quem me traz leves pinceladas de novas ideias e experiências, não quem quer jogar aos meus ventos todo um balde de tinta. Quem faz uma pequena correção aqui e ali, não quem quer apagar toda a minha história pra que eu construa outra. Quem dá conselhos pelo meu bem, não quem quer impor o lado da encruzilhada que devo seguir. E tenho um apreço ainda maior por quem me ajuda a escolher as cores e também acaba virando cor nas artes que espalho por aí.