quarta-feira, 4 de abril de 2012

Agora. (01)



Mas eu decidi que, assim... eu vou cuidar de mim. Não que assim eu ganhe mais, apenas percebi que perco menos. Perco menos amizades, percebo quem não era amigo. Perco menos tempo tentando consertar erros que não foram meus. Menos falta de sono, de concentração, de apetite.

E vou deixar ir pra longe quem quiser. Manter por perto só quem achar melhor assim, quem precisar e conhecer muito bem a reciprocidade; quem fica por amor e não por pena. Tentar deixar saudade, sentir saudade, matar saudade e o mais importante: não deixar acumular saudade.

Me apaixonar cada vez mais pelos meus livros. Cuidar das pessoas como cuido deles - relendo alguns trechos de vez em quando, tirando o pó, reorganizando, tirando-os da estante pra deixá-los respirar um pouco. Arrumar uns fones novos pra fazer o que faço de melhor: me encher de música e absorver delas tudo o que me for possível. Viajar nos riffs, me jogar nos solos, afogar nos vocais e morrer de amor às vozes. Voltar a escrever e desenhar ainda mais: sujar o papel de tinta, de giz, de caneta, de cor-de-lápis, preencher a tela do computador com caracteres, só pra não marcar o travesseiro com círculos úmidos e salgados.

De mim, quem quiser saber, é só perguntar. Talvez eu conte como vão as coisas, se puder, se assim melhor for. Dos outros, não pretendo saber além do necessário pra convivência - com raras exceções. Vou tentar dar conta de viver o que puder agora; todos sabem que o futuro é incerto. Talvez amanhã eu possa deixar a cama vazia por mais tempo, um livro marcado em alguma página aleatória, um álbum sem ouvir, um texto sem escrever, uma sms por mandar, o telefone na mão sem coragem pra ligar. Não faço questão de preencher todas as lacunas, só gostaria de não deixar pela metade as mais importantes.