quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Traz-te.


As paredes brancas de meu quarto pedem por nova decoração. O espaço vazio ao meu lado implora por um ocupante.

Então vem. Vem e traz contigo teus discos, rabiscos e sonhos. Traz toda a tua bagagem, as tuas cicatrizes e histórias para me contar. Vem, e deixa pra trás os medos, as roupas que tu não usas mais e teus planos de viver sozinho. Esquece de ser viajante. Vem e traz contigo teu despertador, teu telefone e documentos; cuidarei do teu nome, te ajudo a construir novos sonhos se me ajudar a juntar os meus aos teus.

Vem e te traz contigo, pra ser feliz comigo e esquecer os velhos amores. Chega e preenche o espaço vazio, deita do meu lado, me conta histórias deixadas pra trás, inventa pra mim o que pode vir.

Vem, pra me fazer imaginar cores nas paredes, pinceladas insensatas e respingos da tua doçura. Traz pra mim o que tu tiveres de amor, me faz companhia, conta estrelas do teto, não me deixe dormir. Vem aqui, deixa teu perfume impregnado em meu travesseiro e lençóis; tua voz calma em minha memória, teu calor em meu corpo e a impressão fria de teus dedos em meus ombros. Deixa-me com ansiedade por uma volta, mas se puder deixa-te estar.

Vem e não esquece do teu mistério, lembre das velhas promessas, as que fizestes ou que eu preciso cumprir. Traz-me o frio na barriga e todas aquelas sensações que tu sempre lembras de me dar de presente.

Traga também papel, caneta e todas as palavras que puder carregar nas mãos. Vem e me deixa um bilhete toda vez que precisar me deixar, sabendo que vai demorar um pouco.

Mas vem, e preenche com tua vida todos os espaços vazios da minha.